História da migração japonesa



A imigração japonesa já tem mais de 150 anos de história desde que a proibição de viagens exteriores foi liberada em 1866. Começando com o trabalho nas plantações de cana-de-açúcar no reino do Havaí, os japoneses migraram para a América do Norte, como Estados Unidos e Canadá, e depois viajaram para o Peru em 1899 e para o Brasil em 1908. Então, quando a entrada de japoneses foi proibida nos Estados Unidos em 1924, uma grande tendência foi transferida da América do Norte para a América do Sul. Como resultado, cerca de 770 mil pessoas migram antes da Segunda Guerra Mundial e cerca de 260 mil pessoas migram depois da guerra.


Os Nikkeis na América Latina

As pessoas que migraram do Japão para outros países são chamados de 1ª geração (issei) e seus filhos e netos são chamados de 2ª(nissei) e 3ª (sansei).
Os Nikkeis ganham credibilidades através dos trabalhos sinceros e consolidoaram suas posições na América Latina.
Atualmente cerca de 2,13 milhões dos nikkeis vivem na América Latina e Caribe (outubro de 2015)



Os Nikkeis ativos na América do Sul que superaram as dificuldades e




 Que foi em 1908, quando 781 japoneses imigrantes, contratados para trabalhar nas lavouras de café, partiram ao Brasil no navio “Kasato-maru”, deve ser de conhecimento de muita gente. Eles sonhavam em trabalhar alguns anos e juntar dinheiro para voltar ao Japão, mas a realidade foi mais dura do que se imaginava. Na época, o Brasil considerava os imigrantes como se fossem substitutos da mão de obra escrava, que foi perdida com a abolição da escravatura. Porém, sem perder as esperanças, trabalharam e optaram por comprar terras próprias, colaborar entre si para criar colônias e cooperativas agrícolas. Cooperativas estas que cresceram a ponto de ganhar grande importância na agricultura brasileira.
 Além dos esforços para desbravar as matas, ainda sofreram por doenças climáticas, mas os imigrantes superaram isso e foram grandes colaboradores para o avanço agrícola de cada região. Por exemplo: no Paraguai, liderou a produção de soja que atualmente é carro chefe das exportações, na Bolívia os Nikkeis estão nas bases da produção de arroz, soja, trigo e frutas cítricas. Além dos casos de implantação da cultura de consumo de vegetais, antes inexistentes na região.
 Na Argentina, muitos são descendentes de Okinawa, além dos imigrantes que estavam em outros países sul-americanos. Muitos deles entraram no ramo florícola ou de lavanderia. Hoje a atividade florícola, criada pelos imigrantes, é uma das principais produções na Argentina.

Fontes :
“Nikkeis -pontes que conectam o Japão à América Latina e ao Caribe”
Ministério das Relações Exteriores do Japão


     

Brasil

Início da Migração : 1908 (Completando 110 anos em 2018)
Número de Nikkeis : Cerca de 1,9 milhões (dados de 2015)


História da Migração

Em 1908, o primeiro navio de migração “Kasato-maru” partiu o porto de Kobe. Chegando ao porto de Santos, no Brasil, os imigrantes começaram a trabalhar nas lavouras de café. Devido às más condições de trabalho, os imigrantes começaram a comprar e trabalhar em suas próprias terras. Desbravando terras desconhecidas, enfrentando dificuldades com as diferenças climáticas e com as terras inférteis, pouco a pouco conseguiram produzir frutas e verduras. Pelo trabalho esforçado e dedicado que demostravam, e pela confiança que passavam, deu início a expressão “Japonês garantido”, ganhando confiança na sociedade brasileira. E nos seguintes 100 anos, mais de 260 mil japoneses migraram ao Brasil formando a maior colônia Nikkei do mundo, com cerca de 2 milhões de Nikkeis. A comida japonesa no Brasil também é bastante apreciada, fazendo com que muitas pessoas visitem o bairro asiático da Liberdade aos fins de semana, em busca por comidas japonesas.

Fontes : Museu de Migração Japonesa ao Exterior, Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil


As Colônias Japonesas e a Agricultura

Atualmente, o Brasil é um dos maiores produtores de soja, café e açúcar no mundo, ganhando tanta importância quanto os Estados Unidos no mercado agrícola internacional. A Cooperativa Agrícola de Cotia, fundada por imigrantes japoneses em 1927, é hoje em dia uma das maiores cooperativas agrícolas do Brasil, possuindo, já em 1952, mais de 5 mil associados. Ao fim da década de 1970, o Japão deu início aos trabalhos de desenvolvimento do Cerrado Brasileiro, conhecido como terras improdutivas, com a ajuda de associados da cooperativa de Cotia. Com cerca de 20 anos de esforço e trabalho, o Cerrado renasceu como uma área agrícola. Por outro lado, devido às crises de 1980, a Cooperativa Agrícola de Cotia se viu em meio a grandes dívidas, declarando falência em 1994.
Muitas das cooperativas regionais aproveitaram as estruturas antigas para se manter. Atualmente muitos Nikkeis são agricultores no Brasil, chegando até a serem chamados de “deuses da agricultura”. Como exemplo, nos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul se produz principalmente grãos, no Pará há produção de frutas tropicais e café, em Minas Gerais são produzidas frutas, em São Paulo são frutas e verduras e em Santa Catarina tem grande produção de frutas.

Fontes : Os 100 anos de Imigração Japonesa no Brasil


     

Argentina

Início da migração : 1886 (Completando 130 anos em 2016)
Número de Nikkeis : Cerca de 65 mil (dados de 2015)


História da Migração

O começo da migração japonesa à Argentina não foi por iniciativa do governo, foi em 1886 que o primeiro imigrante “maquinista: Makino Kinzo”, à cidade de Córdoba. O navio de migração “Kasato-maru” aportou em Buenos Aires onde desceram alguns grupos de imigrantes, antes de chegar a Santos, além de grupos que migraram de outros países da região. Nessa época, muitos dos japoneses que chegaram à Argentina eram da província de Okinawa e Kagoshima, razão pela qual muitos do Nikkeis serem descendentes dessa região na Argentina.
Em Buenos Aires, têm muitos japoneses trabalhando com cafeterias e lavanderias a seco, além de trabalhadores de fábricas e portos, agricultores (flores), e atividade pesqueira. Em 1953 foi criada a Cooperativa de Colonização Argentina, entre a década de 1960 a 1970, muitos japoneses migraram à Argentina para trabalhar na agricultura. Além disso a Argentina possui um jardim japonês, feito por Nikkeis e se realiza todos os anos em Janeiro, em La Plata de realiza o festiva Bom Odori, o qual recebe vários visitantes.

Fontes : Federação de Associações Nikkei na Argentina, Descubra Nikkei*, Cooperativa de Colonização Argentina, Museu de Migração Japonesa ao Exterior (JICA), Prefeitura de Kagawa


As Colônias Japonesas e a Agricultura

Entre os japoneses que migraram à Argentina, muitos começaram a trabalhar com flores de corte. Ainda hoje, na região de Buenos Aires muitos agricultores Nikkei trabalahm com produção de flores e plantas, em 1998 a Cooperativa de Produtores de Flores e Plantes Mercoflor construiu o mercado de venda direta Mercoflor. Além disso, se criou a Estabelecimentos Cooperativos Florícolas Ecoflor em 2015, onde também é vendido flores de corte. Em Jardin América, Misiones também existe uma colônia japonesa, onde há produção e venda principalmente de erva mate, mandioca e verduras, além de produtos processados como picles e geleias.


     

Paraguai

Início da Migração : 1936 (completando 80 anos em 2016)
Número de Nikkei : Cerca de 10 mil (dados de 2015)


História da Migração

A imigração no Paraguai se deu início em 1936, na região de La Colmena, se espalhando posteriormente às outras regiões. Os imigrantes depois de muito trabalho desbravando as matas e preparando a terra para plantio dando início às colônias japonesas. Os esforços dos imigrantes deram avanço à agricultura paraguaia, fazendo com que, mesmo com sua pequena área, se torne uma das grandes produtoras de soja do mundo (em 2019-2020, foi o 5º produtor, seguido dos países Brasi, Estados Unidos, Argentina e China).
De acordo com a Federação das Associações Japonesas no Paraguai, existem 10 grupos e associações japonesas pertencentes (na lista de colônias japonesas do JICA estão registradas 10 colônias). As colônias mantêm a cultura japonesa, sendo utilizada o japonês e o espanhol diariamente, permitindo que o nível de japonês seja alto fazendo com que tenham a escolha de trabalhar no Japão. Além disso, o baixo custo de vida e o fato de se poder falar japonês faz com que muitos japoneses optem por morar no Paraguai depois de aposentados.

Fontes : JICA (Sociedade Nikkei, Atualidades das Colônias), Embaixada Japonesa no Paraguai (História da Migração)


As Colônias Japonesas e a Agricultura

O Paraguai é país agrícola, onde 60% das exportações são de produtos agrícolas. Os agricultores Nikkeis lideraram trabalhos de produção de soja, que hoje em dia é carro chefe de exportação. Além disso, a agricultura é a fonte de renda principal das colônias Nikkei, possuindo 5 cooperativas agrícolas: Coop. Amambay, Coop. La Paz, Coop. Pirapó, CAICA e Coop. Yguazú, em suas respectivas regiões. Produzem principalmente grãos como soja, trigo e milho, possuindo grandes silos para estoque. Além de possuir uma cooperativa central “Central Cooperativa Nikkei Agrícola”, que coordena as atividades cooperativistas, provê apoio agrícola e realiza pesquisas no centro de pesquisas agropecuária (CETAPAR).


     

Bolívia

Início da Migração : 1899 (completando 120 anos em 2019)
Número de Nikkei : Cerca de 14 mil (dados de 2015)


História da Imigração

A imigração japonesa à Bolívia se deu em 1899, quando os imigrantes que chegaram em Peru decidiram migrar à Bolívia para trabalhar na produção de borracha. Na Segunda Guerra Mundial, Okinawa se tornou área de guerreio e posterior base militar estado-unidense, o que faz com que os japoneses que estavam na Bolívia chamassem os refugiados de guerra para o país. Após isso, o governo Ryukyu (atual Okinawa) tomou as rédeas das migrações à Bolívia, criando planos de convite à migração em 1954. Ao chegar na Bolívia, os imigrantes se instalaram na Colônia Uruma, mas devido às doenças infecciosas, tiveram que se mover, e em 1957, finalmente conseguiram autorização do governo boliviano para instalar a atual Colônia Okinawa. Por sua vez, a migração para a região de San Juan foi iniciada em 1955 por Nishikawa Toshimichi, que já trabalhava na região, com produção açucareira. Após isso, baseado no tratado de migração entre Japão e Bolívia, o plano de migração continuou até 1969. Atualmente a colônia possui sua 4ª geração, onde 900 nikkeis pertencem à Colônia Okinawa e 700 nikkeis à Colônia San Juan. Nas colônias, se utiliza a língua japonesa diariamente, fazendo com que o nível de japonês seja alto, além disso são realizados durante o ano eventos culturais japoneses como Undo-kai e Keiro-kai.

Fontes : Associação Nippon-Bolivia


As Colônias Japonesas e a Agricultura

As 2 regiões, Colônia Okinawa e Colônia San Juan, são ambas grandes produtoras de grãos. A Colônia Okinawa possui produção mecanizada e em larga escala principalmente soja, em conjunto com a pecuária, se destaca com a maior área de produção de soja no país além de possuir silos e fábrica de farinhas e pastas. Atualmente possui área de produção de 60 mil hectares, que é maior que a área da província de Okinawa, no Japão. Na Colônia San Juan, se pratica atividade granjeira e mecanização, tornando-se principal região produtora de arroz, soja, galináceas e frutas cítricas no país.


     

Peru

Início da Migração : 1899 (completando 120 anos em 2019)
Número de Nikkei : Cerca de 100 mil (dados de 2015)


História da Migração

Peru foi o primeiro país que criou laços diplomáticos com o Japão na América do Sul, além de ser o primeiro destino dos imigrantes japoneses. Em 1899, o primeiro navio com cerca de 790 japoneses imigrantes de contrato agrícola chegou em Peru, porém como as condições de vida e trabalho não eram as esperadas, houve falecimentos e fugas. Apesar da maioria dos primeiros imigrantes deixarem a agricultura, houve alguns que continuaram na agricultura e outros que buscou fundos com o trabalho na cidade para voltar. A produção de Kinkan, Tangerinas e Arroz irrigado foi iniciado por japoneses. Por outro lado, os japoneses que não se adaptaram à agricultura começaram barbearias e restaurantes. Com o aumento de japoneses em Peru, foi fundada em 1910 a Associação Peruano Japonesa, para aprofundamento dos laços e colaboração mútua, além das associações regionais criadas com o tempo.
Com a Segunda Guerra Mundial os imigrantes passaram por muitas situações difíceis, como a violência contra japoneses e proibição da educação da língua japonesa, exílio aos Estados Unidos, bens e terras apreendidas, entre outras. Atualmente moram no Peru cerca de 100 mil Nikkeis, sendo o 3º país com a maior sociedade Nikkei precedida pelo Brasil e Estados Unidos.

Fontes: : Descubra Nikkei*, Embaixada Japonesa no Peru


Colônias Japonesas e a Agricultura

Após a Segunda Guerra Mundial, os latifundiários tiveram que restituir suas terras aos Estados Unidos ou cedê-las aos pequenos produtores, atualmente os produtores Nikkeis são, em geral, pequenos produtores. A cidade de Cañete, onde foi construída a 1ª colônia Nikkei de Peru, está localizada na costa pacífica próxima à capital Lima. Ainda hoje há Nikkeis agricultores que produzem laranjas mandarinas, uvas e aspargo. Em Esquivel, na cidade de Huaral a comunidade Nikkei é produtora de alcachofra e milho, que são vendidos em conserva para a Europa.